CRISTO PANTOcRATOR
O nome Cristo Pantocrator e traduzindo do grego significa ¨Onipotente¨.
A Patrística, baseando-se em dados
revelados pelo Antigo e pelo Novo Testamento e e utilizando algumas noções e
expressões da filosofia helenística, determinou o conceito de Pantocrator,
discernidos nesse epíteto divino quatro elementos conceituais: o onidomínio, a oniconservação, a
onicontinência, a onipresença. Deus, em outras palavras, é Pantocrator, porque domina sobre todo o criado,
conserva tudo no ser, abraçando e contendo tudo em si e, por conseguinte,
penetrando e plenificando tudo de si pela sua onipotência. Além disso, a
Patrística tem o mérito de ter desenvolvido o sujeito de atribuição do
Pantocrator, passando de Deus indistintamente e Deus Pai a uma atribuição
consciente e justificada ao Filho como logos, portanto, ao Filho como Logos
encarnado.
O Pantocrator pode
estar com o livro fechado ou aberto, do
lado esquerdo, enquanto que a mão direita que abençoa à maneira grega, ou seja com
o polegar, o anular e o dedinho agrupados, recordando o Deus-Trino; os dedos:
indicador e médio, elevados, levemente flexionados, indicando as duas naturezas
de Criso; portanto, um apelo aos mistérios fundamentais da fé cristã.
Ele se apresenta de frente, a meio busto, como a maioria dos Pantocrator, e também nos detalhes encontramos os esquemas tradicionais: pescoço marcado, boca segura e pequena, orelhas
diminuídas arredondadas para frente, nariz
bem firme, sendo quase um traçado divisor de todo o rosto olhos grandes e acentuados pelos
supercílios, e pelos traçados das pálpebras, como também pelos traços claros da
fronte elevada e das faces. Cabeleira assentada, ao redor da qual
observa-se uma auréola com
decorações .
Tradicionais são
também as cores das vestes: púrpura, símbolo da divindade,
com a túnica (=¨chitone¨) de galão de ouro, manto verde azulado, para indicar a
verdadeira humanidade.
O manto cobre o ombro
esquerdo do Salvador, enquanto que o direito permanece livre, aparecendo o galão, decoração dos romanos de alta
linhagem. ( Donadeo Irmã Maria).
AGORA VAMOS VER A
PROFUNDA INTERPRETAÇÃO DESTE ICONE SEGUNDO
A PSICOLOGA E ESTUDOS DA RELIGIÃO HELENE HOERNI-JUNG.
Este ícone remonta aos
primeiros afrescos e mosaicos bizantinos
dos séculos IV e V que ainda podemos contemplar, na grandiosas cúpulas e nos
ápice das catedrais de Santa Sofia, na
Sicília, ou de Ravena. Nessas pinturas e mosaicos, o Senhor do Universo olha
das alturas para os fiéis aqui em baixo. Com seus braços, ele abarca o cosmo.
Parece ao observador que o próprio Deus se revela sobre o seu caminho. As
igrejas mais antigas eram projetadas de forma que no centro de sua cúpula, no
ápice, ficasse uma abertura a fim de que Deus pudesse olhar para sua
comunidade. Talvez também se tivesse a esperança de que Deus descesse por ela.
Essa abertura permitiria ao fervoroso fiel espiar com devoção o universo
divino, o tão almejado mundo do além.
Cristo está representado com uma figura de meio corpo
sua expressão nos revela um rosto sério e sensível. Os olhos estão abertos,
pensativo, consciente e convidativo. Sua visão não se distancia do mundo; pelo contrário,
se dirige a ele, atravessando-o de ponta a ponta. O rosto e a mão do Salvador
são extremamente claros, como descritos em Mateus (14.2)¨ (...) o seu rosto
resplandeceu como o sol¨.Essa passagem se repete no texto do Êxodo(34,29), que
fala da face iluminada de Moisés quando ele desce do Monte Sinai cheio do
espírito de Deus. Essa imagem do brilho também aparece com frequência em outras representações, como no texto do
livro que está aberto na mão de Cristo: ¨Eu sou a luz do mundo¨(Jo 8,12). O ser-preenchido-por-Deus
irradia seu brilho a partir da face desse ícone. (Helene Hoerni- Jung – O Homem
Interior).
O formato do rosto é
muito acentuado, a cabeça redonda e a testa angulosa. A testa de Cristo repousa
sobre as colunas do nariz e dos dois
arcos das sobrancelhas. A testa, em formato de cunha, se projeta para dentro da
densa cabeleira. O formato redondo da cabeça amadurecida.
Ao contemplar essa
imagem, podemos associá-la com a ideia de ¨templo
do espírito¨. Se uma figura semelhante aparecesse em nossos sonhos, nós
talvez achássemos que era um aviso do destino de que essa pessoa queria ou
exigia algo de nós, de que agora a atmosfera de nossa alma se modificaria
definitivamente. Nossa audição interior precisaria estar muito atenta a esse
prenúncio dos acontecimentos.
A roupa do Mestre, por
corresponderem à sua natureza dupla de
Homem verdadeiro e Deus verdadeiro, estão representadas com duas cores. A
veste púrpura de sua natureza divina se esconde sob o verde azulado da
natureza, sob sua natureza humana, sob o seu ser encarnado como homem.
O livro vermelho e o clavus
vermelho constituem
dois pólos, entre os quais se eleva a mão de Cristo. A cor vermelha aumenta a
pulsação; o vermelho dá vida a alma à mão, deixando-os com a impressão de uma de uma mão que fala, abençoa e salva . O Clavus a faixa vermelha , aponta para ela a (mão).
O livro se apresenta a nós como um portal, ainda fechado (quando o livro está
fechado). O seu vermelho reluzente e a sua perceptiva invertida nos convidam a
passar pelo portal e a entrar no livro e na imagem para percorre-lo. Nos
podemos pressentir que no seu interior se esconde algo maior. O livro nos toca,
atua sobre nós, diz respeito a nós e nos confidencia que, da perspectiva de Deus,
todas as outras coisas se parecem. Cabe a nós
escolher entre o livro ou deixá-lo fechado. Todo livro implica um processo de trabalho, de
reflexão e de comunicação, pela linguagem, daquilo que é vivido e pesquisado.
Dessa forma o livro se torna uma imagem que simboliza a sabedoria, os
ensinamentos e a revelação. A palavra de Deus deve jorrar dessse livro como uma
fonte de vida.
O livro é o simbolo da palavra de
Deus significa a Lei Divina e a Doutrina da Fé.
O mais sagrado dos
livros é o Evangelho, no qual fala o próprio Jesus; suas palavras, reconhecidas
em seu eterno valor, estão gravadas nele. Por meio delas, Ele se aproxima de
nós e se oferece como palavra viva e como caminho para a realização da vida. A
cor vermelha pode indicar o seu oferecimentos pessoal cheio de vida e de amor
mas também a intensidade de seu fogo espiritual.
A mão do Salvador, a primeira vista, ela parece uma mão comum; no entanto, se a observarmos com maior atenção, veremos que
ela tem uma conformação completamente estranha e única. Trata-se de uma
alegoria complexa.
¨Quando vocês representarem a mão
que abençoa... cruzem o dedo polegar tocando o quarto dedo, de forma que o
indicador permaneça reto, e o dedo médio fique um pouco curvo, exatamente na
forma do nome de Jesus = IC. O quinto dedo deve estar um pouco curvo, na forma
do nome de Cristo = XC. Essas quatro letras formam a abreviatura do nome de
JESUS CRISTO. Assim a Vontade Divina que os dedos do homem fossem feitos de
comprimentos diferentes, para que eles pudessem formar o nome de CRISTO¨.
( Helene Hoerni-Jung –
O homem interior).
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