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domingo, 25 de setembro de 2011

SÃO JUDAS TADEU



28 DE OUTUBRO

Apóstolo de Cristo nascido em Caná de Galiléia, na Palestina, era primo-irmão de Jesus e irmão de Tiago o Menor, que na última ceia, perguntou ao seu mestre: Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo? Agricultor, era filho de Alfeu ou Cleofas, um dos discípulos a quem Jesus apareceu no caminho de Emaús no dia da ressurreição e irmão de São José, e de Maria Cleófas, prima-irmã de Maria Santíssima, uma das piedosas mulheres que tinham seguido a Jesus desde a Galiléia e permaneceram ao pé da cruz, no Calvário, junto com Maria Santíssima. Tinha quatro irmãos: Tiago, José, Simão e Maria Salomé.
Dos irmãos dele, Tiago foi um dos doze apóstolos, que se tomou o primeiro bispo de Jerusalém. José, apenas conhecido como o Justo. Simão foi o segundo bispo de Jerusalém, após Tiago. E Maria Salomé, a única irmã, foi mãe dos apóstolos Tiago o Maior e João Evangelista.
Também chamado Lebeu Tadeu, é um dos doze citados nominalmente por Mateus e Marcos, em seus Evangelhos, e um dos mais fervorosos do grupo. Conforme os textos apócrifos, teria sido o esposo nas bodas de Caná, e isto explica a presença de Maria e de Jesus naquela realização.
 Depois da ascensão de Jesus e que os Apóstolos receberam o Espírito Santo (1), no Cenáculo em Jerusalém, iniciou a pregação de sua fé no meio dos maiores sofrimentos e perseguições, pela Galiléia. Depois viajou para a Samaria e outras populações judaicas divulgando o Evangelho. Tomou parte no primeiro Concílio de Jerusalém (50) e em seguida passou evangelizando pela Mesopotâmia, atual Pérsia, Edessa, Arábia e Síria. Parece claro que se destacou principalmente na Armênia, Síria e Norte da Pérsia (43-66), sendo o primeiro a manifestar apoio ao rei estrangeiro, Algar de Edessa.
Na Mesopotâmia ganhou a companhia de outro apóstolo, Simão o Zelota, aparentemente viajando em companhia de quinto Apóstolo a ir ao Oriente. Segundo relata São Jerônimo, ambos foram martirizados cruelmente quando estavam na Pérsia, mortos a golpes de machado (70), desferidos por sacerdotes pagãos, por se recusarem a prestar culto à deusa Diana. Assim, na igreja ocidental, os dois santos são celebrados juntos em 28 de outubro.
            É invocado como advogado das causas desesperadas e dos supremos momentos de angústia.
Essa devoção surgiu na França e na Alemanha no fim do século XVIII. No Brasil, a devoção a esse santo é muito popular e surgiu no início do século XX. Devido à forma como foi martirizado, sempre é representado em suas imagens/estátuas segurando um livro, simbolizando a palavra que anunciou, e uma machadinha, o instrumento de seu martírio. Suas relíquias atualmente são veneradas na Basílica de São Pedro, em Roma. Sua festa litúrgica celebra-se, todos os anos, na provável data de sua morte: 28 de outubro de 70.
Fonte: www.netsaber.com.br. Ele não deve ser confundido com Judas Iscariotes, também outro apóstolo, que traiu Jesus e mais tarde, (segundo Mateus).



PERSPECTIVA



Define-se perspectiva como a projeção em uma superfície bidimensional de um determinado fenômeno tridimensional. Para ser representada na forma de um desenho (conjunto de linhas, formas e superfícies) devem ser aplicados mecanismos gráficos estudados pela Geometria descritiva, os quais permitem uma reprodução precisa ou analítica da realidade tridimensional. O fenômeno perspéctico manifesta-se especialmente na percepção visual do ser humano  (Enciclopeia wikipedia on-line).

PERSPECTIVA INVERSA, OU PERSPECTIVA BIZANTINA

 The lines diverge against the horizon, rather than converge as in linear perspective . As linhas divergem contra o horizonte, ao invés de convergir como na perspectiva linear. Technically, the vanishing points are placed outside the painting with the illusion that they are "in front of" the painting. Tecnicamente, o ponto de fuga é colocado fora da pintura com a ilusão de que está "na frente" da pintura. The name Byzantine perspective comes from the use of this perspective in Byzantine and Russian Orthodox icons ; it is also found in East Asian art, and was sometimes used in Cubism and other movements of modern art . O nome perspectiva bizantino vem do uso dessa perspectiva na arte sacra bizantina.  O conteúdo da imagem como a abertura e expansão, aumenta a sensação do expectador. One interpretation is that as the vanishing point of the perspective scheme is near the viewer, it shows God looking upon him, rather than the viewer looking upon God. [ citation needed ] It displays the spiritual rather than the physical reality.  O ponto de fuga está perto do espectador.
 No ícone Pantocrator Ele é que olha para o espectador em vez de o espectador olhar para Pantocrator demonstrando o lado espiritual e não a realidade física. An alternative interpretation would be that as God is omnipresent , his view converges from everywhere, rather than scanning out from a point.Cuja interpretação é de que  Deus é onipresente, sua visão convergente de todos os lugares, ao invés a partir de um ponto no quadro. According to this interpretation, the reverse perspective would be imitative of the conception and/or sensorium of God. [ citation needed ] Segundo esta interpretação, a perspectiva inversa seria da concepção e / ou sensório de Deus. Pressupõe uma posição interna do pintor havendo redução das medidas dos objetos que são representados maiores do que as do primeiro plano. A perspectiva invertida desorienta o espectador, pois nossos olhos estão acostumados com a perspectiva linear. 




VIRGEM DA TERNURA



O ícone de Maria não é como naturalismo ou o renascentismo, que a representa como uma bela mulher com o menino maravilhoso, mas aquele que manifesta seu mistério, isto é, que leva o cristão ao conhecimento e ao amor do Filho, do Espírito e do Pai. O caráter epifânico da Theotokos se modula através de uma tipologia que não estabelece tanto os traços de seu perfil ou retrato, mas os diferentes tipos de sua representação: 1- Hodighítria, ou guia para Cristo, que é o caminho; 2- Eleusa, ou terna e misericordiosa, que segura nos braços o Menino, o qual se abraça afetuosamente à Mãe, face na face; 3- Orante, que representa a Virgem de pé, ao lado de Cristo (Deésis), ou com as mãos erguidas e com o Menino no seio, enquadrado por um círculo. (Parracini, 2001, p, 8,9).

Eleusa significa “a terna”, “a compassiva”; assim, quando aplicada à Mãe de Deus , passa a ser um dos títulos iconográficos marianos mais conhecidos: Virgem da Ternura. Esse título é dado pelo afeto que une Mãe e Filho e exalta a humanidade de Cristo.

            É um ícone da escola cretense do século XVII. “Genitora de Deus” (Theotokos, segundo a expressão grega) é o titulo que o Concilio de Éfeso, em 431, atribui a Nossa Senhora, e que a tradição oriental conservou e privilegiou ao longo dos séculos até hoje. A virgem é representada enquanto o Filho, abraçando-a ternamente, lhe revela sua paixão. Doce, terna, triste, alegre penetrante, compreensiva. Maria sintetiza em si o Fiat da Igreja inteira, pronunciando-o em nome de cada criatura. O protótipo desta tipologia provém de Bizâncio (a tradição quer que tenha sido pintada pelo evangelista Lucas) (Parravicini, 2001 p. 134).
            As expressões de caricias dos dois rostos. Sensibiliza-nos a disposição das mãos: a do Menino Jesus está apoiada num confiante abandono sobre as mãos direita da Mãe, enquanto que com sua mão esquerda Ela segura e ao mesmo tempo parece acariciá-lo. 
            A contemplação desse ícone nos conduz a uma experiência espiritual profunda. Levando-nos a seguir um movimento que parte dos olhos da Virgem em direção às suas mãos. Passa das mãos de Maria para a da criança novamente para os olhos de Maria.


O PANTOCRATOR "AQUELE QUE TUDO REGE".



Ele é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus humanado e o Deus que reina que tudo rege o Pantocrator. Ele é pintado ao mesmo tempo severo e manso. De toda sua pessoa transpira a fragrância de perfume espiritual. De sua cabeça imaculada e da sua cabeleira se desprende uma refinada grandeza; dos seus olhos, amor e serenidade, aquele de quem “percuta” os corações e os rins; do seu nariz equidade e misericórdia; da sua boca; paz e perdão; das suas faces, clemência e bondade; do seu pescoço e dos ombros, misericórdia e piedade; da sua mão direita, bênção e indulgência; da esquerda, que segura com força o santo Evangelho, se origina a Lei vivificante que conforta os abatidos; o seu queixo redondo manifesta doçura e longanimidade. Da sua boca emana o óleo da santidade; do manto que o envolve, como a nuvem ao sol, se efunde a imensidade do todo.
O Pantocrator infunde na alma devota todos os santos sentimentos, sendo ele, grande, poderoso, criador, onividente, suave, amigo dos homens, salvador, juiz, humilde, severo, misericordioso. Ele é, segundo a palavra de Ezequiel, a “Águia” grande de grandes asas, que voa eternamente e incorrupta sobre o mundo. Para ele “mil anos são como o dia de ontem que passou”.
As imagens do Pantocrator guardam algo da humanidade amável do Salvador, que acariciava crianças e dizia de si mesmo se “manso e humilde de coração”. O mais antigo ícone do Pantocrator encontra-se no Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai, talvez na época de Justiniano I (VI século), que Heinrich Pfeiffer considera a “base de toda imagem do Cristo Pantocrátor”, possuem expressão bastante suave que inspira mais veneração do que temor. Os artistas pareciam, então, preocupados em sugerir algo não visível, a transcendência divina.
“Quando ouvimos o termo Pantocrator, Aquele que tudo rege, compreendemos com a mente de Deus mantêm no ser todas as coisas: tanto as de natureza inteligível como as de natureza material. Por isso ele contém o universo e as mãos os confins da terra; avalia os céus com o palmo (Isaías 40,12); por isso ele mede o mar com a mão; e também, por isso abrange em si todas as criaturas inteligíveis, a fim de que todas as coisas permaneçam no ser, contidas por meio do poder que tudo abraça.
A intenção dos artistas bizantinos era acentuar, visualmente, quatro realidades:
- O fato de que Deus domina todas as criações;
- o fato de que Deus conserva tudo no ser;
- o fato de que Deus abrange e contém tudo em si;
- o fato de que Deus penetra todas as coisas.
A necessidade de se projetar a figura de Cristo na esfera do sobrenatural tenha levado artistas bizantinos a se servirem de uma série de recursos estilísticos. Mencionemos os principais: a idealização da figura, que apresenta feições, não realistas nem individuais; o alongamento do corpo (quando a representação é de corpo inteiro); a supressão de espaço real, uma vez que o ambiente e a paisagem são reduzidos a indicações; a supressão do movimento, que confere às imagens uma imobilidade hierática; os fundos de ouro[1], que contribuem para que a imagem se situe numa sorte de infinitos, a rigorosa frontalidade dos semblantes, que com seus olhos desmesurados sugerem a vida que não esta mais ao alcance da morte; e, finalmente, a desmaterialização do suporte mediante um habilidoso uso da cor e da luz. Ou seja, a cor é utilizada sem referencia aos objetos concretos, o que torna a arte bizantina precursora do abstracionismo. Wassily Kandinsky, “pai da Arte Abstrata” declarou que o contato com os ícones russos medievais (cuja fonte de inspiração foi a arte bizantina) “influenciou todo o seu desenvolvimento artístico.
            A teologia bizantina sempre quis ver na figura do “Senhor de Todas as Coisas” uma profissão de fé na divindade de Cristo. Sendo a iconografia não uma arte válida em si mesma, mas uma arte para a Igreja lhe incumbido expressar o conteúdo da crença e da prática dos fiéis. Eis por que o lugar o Pantocrátor é sob a cúpula central, onde as abóbadas se cruzam. A cúpula representa o céu. Ademais, a figura do “Senhor vestido de louvor e magnificência” evoca três outros atributos: a grandeza do Criador, a bondade ativa do Salvador, e a austeridade do Juiz imparcial. Toda a leitura das imagens do Pantocrator é obrigada a privilegiar tal dimensão telógico-liturgico. A arte bizantina permaneceu sempre ancorada na preocupação trinitária, uma vez que este é o “mistério primordial da revelação”. Vladimir Lossky nota: “A teologia mística da Igreja Oriental sempre se afirmará como triadocêntrica. O conhecimento de Deus será (para ela) um conhecimento da Trindade. Tal preocupação levou o monge pintor Andrei Rublev (1330-1430), beatificado por ocasião do Primeiro Milênio da Evangelização da Rússia (988-1988) a criar um dos mais assombrosos ícones da tradição russa, o Ícone da Trindade (1411; hoje na Galeria Tretiakov, em Moscou). O Pantocrator é sempre visto na sua humanidade, mas em união substancial com a divindade, “esplendor comum das Três Pessoas”.



[1] A influência da estética de Dionísio Aeropagita sobre a arte bizantina manifesta-se no emprego do ouro. Segundo Dionísio, o ouro faz aparecer um esplendor indestrutível, pródigo, inesgotável e imaculado. O ouro é o reflexo do sol. O ouro é mais irradiação e brilho do que cor. Por isso o ouro se encontra em toda a parte onde se quer expressar a participação na vida divina, sobretudo nas auréolas, vestimentas sagradas, vasos rituais e evangeliários. As próprias vestes de Cristo são freqüentemente, ornadas com filigranas douradas, símbolo de sua divindade.

O ICONÓGRAFO.



É o autor de ícones que significa “aquele que escreve ícones”. No passado, o iconógrafo era geralmente um monge familiarizado com a vida espiritual: na oração, no silencio, na ascese[1], no jejum. Ele mergulhava no mundo ultraterreno para melhor exprimir o rosto e o mistério. Como modelo exemplar de monges iconógrafos temos: Andrei Rublev e Dionísio de Furná.
             O primeiro pintor de ícones que se recorda, foi Santo Alípio, do sec. XI, considerado o pai da iconografia russa. Na Rússia temos os melhores iconógrafos no século XIV e XV: Teofanes, o Grego; Andrei Rublev e Dionísio.
            Em nossos dias não há uma exigência de que seja o iconografo seja um monge, mas que seja intimamente ligado à sua Igreja local e que tenha uma vida íntima de oração. Sem a oração, iconografo morre para o mundo espiritual mesmo que possua a técnica do ícone sua obra seria sem alma. Enquanto executa a obra o iconografo deve mentalmente, invocar ininterruptamente o nome de Jesus em breve oração.
            O melhor jejum para o iconografo é o da visão, pois, conforme o dizer popular: “os olhos são as janelas da alma”, é pelo sentido da visão que se pode entorpecer diretamente a alma pura. Nesse sentido a busca pela face do Senhor conforme o salmista: “Tenho os olhos sempre fitos nos Senhor” (Sl 24,15).
            A pessoa que cria imagem de culto não é um artista no nosso sentido. Não cria, mas serve à presença, contempla. A imagem de culto contém algo. Estando em relação com o dogma o sacramento, a realidade objetiva da Igreja. O artista de imagens de culto requer uma missão por parte da Igreja. Seu serviço será um ministério.

SANTIFICA A VISÃO E O INTERIOR, FORTALECENDO NO SEU OFICIO DE ESCRITOR DA IMAGEM SACRA.


[1] Ascese (do grego ἄσκησις, derivado di ἀσκέω, “exercitar”) consiste na prática da renúncia do prazer ou mesmo a não satisfação de algumas necessidades primárias, com o fim de atingir determinados fins espirituais.

ADORAÇÃO E VENERAÇÃO DE IMAGENS



 O estudo do Sagrado é inseparável do estudo das expressões materiais do Sagrado, mitos, lugares sagrados, animais sagrados, templos, representações pintadas ou esculpidas de divindades. Todas elas são uma tentativa de comunicar uma realidade mais profunda, de difícil acesso cujo todo ser humano busca incessantemente, pois são perguntas fundamentais do ser humano tais como: O que é o mundo? De onde vem o mundo? O que sou eu? Qual é o meu destino? Como explicar os laços que me une ao mundo, ao povo a que pertenço?...  Necessidade humana presente em todos os povos que emerge o Sagrado e a busca da relação com o Mistério.
Foi no Concilio de Calcedônia, em 431, que foi proclamado o monofisismo herético[1]. A Igreja procurou então, expressar a natureza humana de Cristo não só em fórmulas dogmáticas, mas também através da iconografia, que se torna um recurso artístico e catequético, contra os que negam a humanidade de Cristo. Todos os fatos e personagens da vida de Cristo tornam objetos de representação. Mosteiros e igrejas procuram cobrir-se de pinturas.
A crise iconoclasta não é exatamente contra a pintura de imagens, mas contra a sua veneração. A pergunta é: Pode-se ou não venerar a Sagrada Face de Cristo, da Virgem, dos apóstolos, mártires e santos? A proibição da adoração de imagens é clara no Antigo Testamento. Como conciliar a proibição bíblica com uma prática secular? São João Damasceno, na primeira metade do século VIII elabora a tese de conciliação: não se trata de “adorar” uma imagem, mas de “venerar”[2] o mistério nela expresso. As diversas manifestações da vida/mistério de Cristo se tornam objeto de veneração, pois cada uma delas é expressão de sua única Divindade. Não só a Sagrada Face de Cristo, mas cada aspecto de sua vida, bem como de sua Santa Mãe e dos Apóstolos, são extensão de um único grande Mistério, o Mistério da Encarnação. O fundamento bíblico e dogmático, que permitem ultrapassar a proibição vetero-testamentária da confecção de imagens se baseia no fato central do Cristianismo: O Verbo se fez carne.
Deus, o Mistério, passou a ter um rosto, uma história. Aqueles que tornaram e tomam parte neste Mistério também se tornam dignos de ser representados e venerados. A visão da imagem estimula e facilita a oração, ensina S. João Damasceno e isso não pode ser menosprezado.
O ícone é uma “porta de entrada” para a contemplação do mistério infinito, que por ter se tornado humano permitiu ser representado. Daí todo o desenvolvimento de cada detalhe da iconografia, que de forma simbólica, longe de um realismo pictórico, é a expressão ideal de conteúdos de fé e de culto. Seja na oração particular ou na Sagrada Liturgia, o conjunto (palavras, gestos, sons, cantos, aromas, objetos e, é claro, imagens) são uma introdução e permanência diante do Mistério Revelado, do Mistério que tem um rosto.
Nesse sentido é que podemos dizer que a iconografia é expressão e extensão da compreensão do mistério da Encarnação, ou seja, da própria essência do Cristianismo. Um Cristianismo sem rosto, sem história seria a negação de si mesmo. A redução do Cristianismo a um conjunto de idéias ou dogmas ou regras morais sem o Rosto isto é sem os rostos dos que lhe deram origem e lhe dão continuidade será sempre a pior de todas as heresias, porque o Cristianismo é a interação, entre o tempo e a eternidade. A iconografia foi a primeira e grande valorização do humano ao nível de arte no Cristianismo.  Se Cristianismo é a afirmação do humano como lugar da manifestação do Mistério, a iconografia foi a manifestação sensível dessa verdade de fé, para quem o compõe e para quem o contempla.
Tão grande foi à experiência e a manifestação da fé na iconografia que somente no século XIII – XIV, no Ocidente, temos uma nova e grandiosa expressão da relação entre o humano e o divino. Isto é no apogeu da Idade Média e do Humanismo Cristão. O novo ambiente social e cultural, as novas expressões da fé trazidas pelas ordens mendicantes, de modo especial os franciscanos e dominicanos, são o meio onde esta arte floresceu. A Escolástica[3] afirmará: ”nada entra no intelecto se primeiro não passar pelos sentidos”.
 A iconografia foi expressão do “idealismo cristão”, a pintura dos séculos citados principalmente por Giotto e Fra Angelico será a expressão do “realismo cristão”. Não se trata de um realismo que procura “reproduzir“ a realidade, mas de fazer participar quem contempla da cena no evento retratado.
 É a grande interação que se cria o Mistério e o tempo presente, as dores e alegrias do dia a dia, das pessoas comuns, das cenas e ocupações comuns, com aquilo que lhes dá um sentido e uma esperança, pois o Mistério se manifestou para estes que vieram séculos depois.
A promessa do Cristianismo que o Mistério Eterno continua a manifestar-se no tempo, na história, na vida concreta dos homens e mulheres de todos os tempos, como se manifestou na vida dos pescadores da Galiléia. O Verbo se fez carne e continua a estender sua carnalidade no meio de nós e enquanto perdurar a espera por sua volta existirá expressões de arte retratando esta experiência. “Eis que Eu estarei convosco até o fim dos tempos” afirmara Cristo. Todas as manifestações da Pessoa e da Presença de Cristo na história tenderão a expressar em imagens, pois estas comunicam. Como diz S. João na sua epístola. “aquilo que nossos olhos viram que nossas mãos tocaram” do Mistério Eterno.( Parte da Palestra de P. Ulysses no Mosteiro apud www.atelier Santa Cruz).


 






[1] O Monofisismo  (do grego μονο = único) foi uma doutrina cristológica do século V considerada como heresia. Surgiu no seio da igreja de Antioquia elaborada pelo monge Eutiques,  em oposição ao pensamento de Nestório (Nestorianismo).
Eutíques  nega o caráter humano do Filho e, portanto, vendo-o como uma só natureza, a divina. Daí o termo "monofisismo".Nestório (380-451) foi um monge,  Acreditava que em Cristo há duas ou naturezas humana e divina.
[2] No cristianismo, Veneração (do latim veneratio, do grego δουλια, "douleuo" ou "dulia", que significa "honrar") ou Veneração dos santos descreve uma especial devoção aos santos, que são considerados modelos de vida cristã que gozam no Céu da vida eterna, podendo interceder pelos fiéis, sendo a veneração uma forma de prestar-lhes respeito. O Culto Divino está devidamente reservado apenas para Deus (latria) e nunca para o santos. Embora o termo "veneração" ou "culto" seja frequentemente utilizado, verdadeiramente significa apenas prestar honra ou respeito (Dulia) aos santos. Veneração não deve ser confundida com idolatria.

[3] Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências da , ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências da , ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade.

O QUE É UM ÍCONE.




 Os Ícones são a representação de um personagem ou cena em pintura sobre madeira, podendo estar coberta de um metal precioso considerado sagrado e objeto de culto. A palavra “ícone” deriva do grego “eikóna” que quer dizer “imagem, representação, gravura ou figura”.
O NT aplica esta palavra a Cristo, quando diz que “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl. 1,15). Um ícone não pode ser definido pelos seus aspectos exteriores. Nele une a teologia, a arte, a liturgia e uma tradição canônica em sua confecção que remonta os primeiros séculos do cristianismo nascente. Podemos dizer que é uma pintura, geralmente portátil, de gênero sagrado, executada sobre madeira com uma técnica particular, segundo uma tradição transmitida pelos séculos. Os ícones são parábolas dogmáticas, por isso eles não são belos como as obras de arte, mas como a própria verdade.