Total de visualizações de página

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

EMANUEL

CRISTO EMANUEL (DEUS CONOSCO )

Interpretação deste ícone por Helene Hoerni-Jung
Este ícone baseia-se textualmente na profecia de Isaías (7.14 e 9,5).

Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal:
Eis que a virgem concebeu e dará à luz um filho, e pôr-lhe-á o nome de Emanuel.

Porque um filho  nos nasceu sobre os seus ombros, e lhe foi dado este nome:
Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz.

Neste ícone, a tônica se concentra ¨no caráter do logos preexistente e que se torna homem simultaneamente¨. Ele nos coloca diante de um paradoxo de difícil compreensão: na figura de Cristo Emanuel se encontra dois seres ou forças. O eterno, sempre existente deve ser unido, ou tornado ¨uno¨, com o ser que nasceu cresceu e amadureceu. Para elucidar brevemente essa relação dicotômica e também a própria imagem, introduziremos o conceito ¨criança-ancião¨.
Como explicar, então, essa criança-ancião? A crinaça é a imagem de um novo princípio; é a expressão de um crescimento que se inicia, de um desenvolvimento em curso, de uma força vital  incansável e de múltiplas possibilidades. No ancião, pelo contrário, vemos o saber maduro, a sociedade, visível proximidade do reino de Deus e o fechamento do ciclo de uma vida.
Certos textos do antigos se atêm a essa notável relação entre a criança e o ancião. Vejamos este exermplo de um autor anônimo bizantino:
Criança pequenina, Deus eterno,
Crinça ancian, que antecedeu os tempos
Tens a idade do Pai
Dioniso Areopagita nos ensina:
¨Nas antigas representações , Deus assumia a forma de um velho e de um jovem. O primeiro significa que ele é o principio e exise desde o começo; o segundo, que ele nunca se transformará. Ambas as considerações mostram que ele perdura através de todas as coisas, do princípio ao fim¨.
A cabeça do Emanuel quase redonda corresponde na forma e nas proporções, à de uma criança, enquanto a face angulosa, com o semblante preocupado de um  velho, se adianta para fora do círculo.
Do ponto de vista  pasicológico, ¨o anciâo¨ é um conjunto dos componentes da alma humana que sempre indicam a direção dos caminhos, que nos colocam neles, como um aspecto do próprio si-mesmo.
Na criança, o eu ainda está pouco distinto, mas ela impulsiona a vida para frente, ativa os desenvolvimentos. As duas partes devem se encontrar, do mesmo modo que o velho rosto de formato anguloso e a cabeça de criança, ambos ainda um tanto rebeldes , tentam confluir um para dentro do outro. ¨De um só ser, embora separadas¨, parecem surgir a cabeça e a face. Não começaria aqui a união das duas naturezas, não só da criança e do ancião, mas também do homem e do Deus verdadeiros?
Também temos em nós ambas as partes e ambas as naturezas, como predisposições e como destino. Ora nos sentimos como criança do mundo, abandonados, ora procuramos o retiro silencioso e o disntanciamento do mundo, caracteristica dos homens velhos. As veses basta-nos o conteúdo de um dia rotineiro e sentimos falta do eterno. Como jovens, a idéia da morte e do final dos tempos talvez nos induza a voltar para a casa; como velhos.
As duas naturezas permeiam  nossa alma, e ambas as possibilidades precisam ser vividas e consideradas. Nós nos movimentamos sobre esses dois eixos  de força, da crinaça para o velho, do eu para o si-mesmo.
Contemplando o ícone Cristo Emanuel: Emmanuel quer dizer Deus-Conosco. Esse Deus que está conosco, ou que está em nós é caracterizado pelos pólos da criança e do ancião e pelo desenvolvimento e  desdobramento que acontecem entre eles.
Em cada adulto se esconde uma criança, uma eterna criança, um ser que está sempre se tornando algo novo, que nunca está pronto e necessita de cuidado, de atenção e de educação constantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer se desenvolver em direção à totalidade.
No símbolo da criança, como descendente de dois mundos, prenuncia-se também o ser que unifica, que reconcialia.
Na auréola observamos o nome de Iaweh: HO ON = Aquele que é. ¨O Deus da Bíblia chama a si  próprio de Aquele que é. Eu sou quem sou. Eu sou eu.
No ícone obaservamos a forma notável das duas orelhas de Emanuel, Elas foram pintadas de uma maneira surpreendentemente abstrata, em extrema oposição à orientação mais concreta e real da conficuração do rosto. Haveria, neste caso, uma sugestão de uma  função da orelha seria, em primeiro plano, ouvir e obedecer? De modo semelhante, o ouvido é com frequencia considerado um símbolo da obediência. A medida que na figura de Emanuel, o jovem Cristo, a obediência é colocada em destaque, torna-se evidente para nós a sua importância no decorrer da vida. Ela pode nos proteger do perigo da vaidade ou de seu oposto, a depressão, levando-nos a unir o velho ao novo, o grande ao que ainda é pequeno. Trata-se aqui, literalmente, de um desenvolvimento ¨que não podemos compreender¨, como a imagem  do ícone parace mostrar .
Diante desse ícone, os meus pensamentos se concentram no fenômeno da conformação da imagem interior de Deus sobre o aspecto da oposição entre o velho e o jovem.(O HOMEM INTERIOR – Ícones do filho de Deus. Hoerni-Jung Helene).






Nenhum comentário:

Postar um comentário