CRISTO EMANUEL (DEUS CONOSCO )
Interpretação deste
ícone por Helene Hoerni-Jung
Este ícone baseia-se
textualmente na profecia de Isaías (7.14 e 9,5).
Pois sabei que o Senhor mesmo vos
dará um sinal:
Eis que a virgem concebeu e dará à
luz um filho, e pôr-lhe-á o nome de Emanuel.
Porque um filho nos nasceu sobre os seus ombros, e lhe foi
dado este nome:
Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte,
Pai-eterno, Príncipe-da-paz.
Neste ícone, a tônica
se concentra ¨no caráter do logos
preexistente e que se torna homem simultaneamente¨. Ele nos coloca diante
de um paradoxo de difícil compreensão: na figura de Cristo Emanuel se encontra dois seres ou forças. O eterno, sempre
existente deve ser unido, ou tornado ¨uno¨, com o ser que nasceu cresceu e
amadureceu. Para elucidar brevemente essa relação dicotômica e também a própria
imagem, introduziremos o conceito ¨criança-ancião¨.
Como explicar, então,
essa criança-ancião? A crinaça é a imagem de um novo princípio; é a expressão de um
crescimento que se inicia, de um desenvolvimento em curso, de uma força
vital incansável e de múltiplas
possibilidades. No ancião,
pelo contrário, vemos o saber maduro,
a sociedade, visível proximidade do reino de Deus e o fechamento do ciclo de
uma vida.
Certos textos do
antigos se atêm a essa notável relação entre a criança e o ancião. Vejamos este
exermplo de um autor anônimo bizantino:
Criança pequenina, Deus eterno,
Crinça ancian, que antecedeu os
tempos
Tens a idade do Pai
Dioniso Areopagita
nos ensina:
¨Nas antigas
representações , Deus assumia a forma de um velho e de um jovem. O
primeiro significa que ele é o principio e exise desde o começo; o segundo, que
ele nunca se transformará. Ambas as considerações mostram que ele perdura
através de todas as coisas, do princípio ao fim¨.
A cabeça do Emanuel quase redonda corresponde na forma e nas
proporções, à de uma criança, enquanto a face
angulosa, com o semblante preocupado de um
velho, se adianta para fora do círculo.
Do ponto de vista pasicológico, ¨o anciâo¨ é um conjunto
dos componentes da alma humana que sempre indicam a direção dos caminhos, que
nos colocam neles, como um aspecto do próprio si-mesmo.
Na criança, o eu ainda está pouco distinto, mas ela impulsiona a vida
para frente, ativa os desenvolvimentos. As duas partes devem se encontrar, do
mesmo modo que o velho rosto de formato anguloso e a cabeça de criança, ambos
ainda um tanto rebeldes , tentam confluir um para dentro do outro. ¨De um só
ser, embora separadas¨, parecem surgir a cabeça e a face. Não começaria aqui a união
das duas naturezas, não só da criança e do ancião, mas também do homem e do
Deus verdadeiros?
Também temos em nós ambas as partes e ambas as naturezas, como predisposições e como destino.
Ora nos sentimos como criança do mundo, abandonados, ora procuramos o retiro
silencioso e o disntanciamento do mundo, caracteristica dos homens velhos. As
veses basta-nos o conteúdo de um dia rotineiro e sentimos falta do eterno. Como
jovens, a idéia da morte e do final dos tempos talvez nos induza a voltar para
a casa; como velhos.
As duas naturezas permeiam
nossa alma, e
ambas as possibilidades precisam ser vividas e consideradas. Nós nos
movimentamos sobre esses dois eixos de
força, da crinaça para o velho, do eu para o si-mesmo.
Contemplando o ícone Cristo Emanuel: Emmanuel quer
dizer Deus-Conosco. Esse Deus que está conosco, ou que está em nós é caracterizado
pelos pólos da criança e do ancião e pelo desenvolvimento e desdobramento que acontecem entre eles.
Em cada adulto se
esconde uma criança, uma eterna criança, um ser que está sempre se tornando
algo novo, que nunca está pronto e necessita de cuidado, de atenção e de
educação constantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer se
desenvolver em direção à totalidade.
No símbolo da criança, como descendente de dois mundos,
prenuncia-se também o ser que unifica, que reconcialia.
Na auréola observamos o nome de Iaweh: HO ON = Aquele que é. ¨O Deus da Bíblia chama a si próprio de Aquele que é. Eu sou quem sou. Eu
sou eu.
No ícone obaservamos a
forma notável das duas orelhas de
Emanuel, Elas foram pintadas de uma maneira surpreendentemente
abstrata, em extrema oposição à orientação mais concreta e real da conficuração
do rosto. Haveria, neste caso, uma sugestão de uma função da orelha seria, em primeiro plano, ouvir e obedecer? De modo semelhante, o
ouvido é com frequencia considerado um símbolo
da obediência. A medida que na figura de Emanuel, o jovem Cristo, a obediência é colocada em destaque, torna-se evidente
para nós a sua importância no decorrer da vida. Ela pode nos proteger do
perigo da vaidade ou de seu oposto, a depressão, levando-nos a unir o velho ao
novo, o grande ao que ainda é pequeno. Trata-se aqui, literalmente, de um
desenvolvimento ¨que não podemos compreender¨, como a imagem do ícone parace mostrar .
Diante desse ícone, os
meus pensamentos se concentram no fenômeno da conformação da imagem interior de
Deus sobre o aspecto da oposição entre o velho e o jovem.(O HOMEM INTERIOR – Ícones do filho
de Deus. Hoerni-Jung Helene).
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