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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ARTE SACRA E RELIGIOSA: EXISTE DIFERENÇA?



Toda verdadeira obra de arte fala de Deus. Não apenas pelo conteúdo, mas por acender em nós o desejo de uma beleza mais alta. Assim reflete D. Marcos Barbosa o.s.b., em seu artigo "A Arte Sacra", e continua citando Baudelaire: "a nossa natureza, exilada no imperfeito, desejaria apoderar-se imediatamente, na terra mesmo, do paraíso revelado".
Há obras de arte, porém, que expressam abertamente o tema divino; são chamadas de arte religiosa ou cristã. Dentro desta "categoria" é que se encontra a arte sacra.
Grandes artistas pintaram temas religiosos ao longo de suas vidas, como é o caso de Miguelangelo, Rouault, Caravaggio, entre tantos outros. Mas, perguntaríamos: o Cristo crucificado, de Salvador Dali, deveria ser colocado dentro de uma igreja? De modo nenhum. Aqui nos deparamos com a tênue linha que separa a arte religiosa da arte sacra.
A arte sacra não é somente uma obra de arte, e não ainda uma obra de arte cristã, mas uma obra de arte litúrgica! Aqui está o ponto central e decisivo para a escolha da iconografia, ou seja, das imagens e pinturas que compõem o espaço sagrado, a igreja. A arte sacra está voltada ao culto.
A igreja não é museu, nem depósito de imagens, mas um lugar vivo onde o Sagrado se manifesta, onde a comunidade se reúne para celebrar a presença de Deus em seu meio. A liturgia, centrada na Trindade, deve atrair os fiéis e envolvê-los nesta atmosfera de Jerusalém celeste. Daí a pergunta: as imagens, as pinturas, os painéis das igrejas contribuem para unificar a liturgia, para levar ao centro? Ou contribuem para a dispersão, para a distração dos fiéis?

É uma pergunta simples, mas que pode trazer luzes sobre como devemos compor nossos espaços sagrados. Pois podemos incorrer no erro de colocar obras de arte nas igrejas sem que estas sejam sacras; como também, no outro extremo, vemos muitas imagens em série dentro das igrejas que nem são consideradas como arte.

Todo o espaço sagrado deve contribuir para que Cristo seja evidenciado. Ele é a imagem visível do Deus invisível, como diz São Paulo. Que tudo seja por Cristo, com Cristo e em Cristo, como repetimos todos os domingos na liturgia eucarística.
Na verdade, tudo que compõe o espaço sagrado deveria apontar para esta única realidade: estamos reunidos em nome da Trindade. Assim, as músicas, as vestes, os gestos, as peças do altar, o incenso, as pessoas... tudo deveria convergir em Deus, sem dispersão. Não vivenciaríamos mais profundamente a liturgia?

Fernanda Oliveira da Costa - consagrada na CSV
Publicitária, pós-graduada em Liturgia e Arte Sacra

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CRUZ DE GIUNTA PISSANO



Giunta Pisano (ou Giunta da Pisa ou mesmo Giunta Capitini) foi um pintor italiano. É o pintor italiano mais antigo cujo nome aparece inscrito em uma obra de arte.
Trabalhou de 1202 a 1236. Pode ter estado em 1180 em Pisa e morreu talvez em 1236. Pintava em tecido colocado sobre madeira e preparado com emplastro. Seu trabalho mais antigo com uma inscrição sua é o Crucifixo na cozinha do convento de Santa Ana em Pisa. Acredita-se que também tenha trabalhado na igreja superior de Assis. Os afrescos no local são em estilo bizantino, provavelmente executados com a ajuda de artistas gregos.
Sua obra mais importante é o Crucifixo, de 1250, na abside esquerda da Basílica de São Domenico, em Bolonha, com a inscrição emLatim: Cuius docta manus me pixit Junta Pisanus (pintado pela mão de Giunta Pisano). http://pt.wikipedia.org/wiki/Giunta_Pisano.
Nas representações iconográficas bizantinas, o Crucificado nunca aparece com o mesmo realismo da carne enfraquecida, morta ou em agonia. Embora morto, Cristo não perdeu, nem minimamente, sua real e divina nobreza: João Crisóstomo escreveu a seu respeito:
Comtemplo-o crucificado e o chamo de Rei”.
Nos ícones bizantinos não se reproduz na cruz a inscrição que motivou  a condenação da forma como os evangelistas a registram: “O Rei dos Judeus”, a inscrição é: “O Rei da Glória.
Junto à cruz de Jesus, observamos sua Mãe compassiva que chora com profunda dor, mais do que ninguém, observamos quão grande é a sua constância e quão grande sua adesão ao Senhor.
A Igreja bizantina, dirigindo-se à Mãe dolorosa lhe dirige este cântico:
“Tu és, ó Mãe de Deus, o Paraíso espiritual, no qual, sem ter sido cultivado, germinou Cristo: através dele foi arvorada na terra a cruz vivificante”.
“Jesus disse a sua Mãe e perto dela o discípulo que amava, disse a sua Mãe: ‘Mulher, eis aí teu Filho’. Depois, disse ao discípulo: ‘Eis aí tua Mãe’.
A cruz é o símbolo da vitória e da salvação cósmica, pois que sua celebração é, ao mesmo tempo celebração do mistério pascal e veneração da relíquia do madeiro sagrado. Passarelli G. O ícone da Crucifixão ed. Ave Maria, Sp, 1996.

sábado, 1 de outubro de 2011

ARCANJO RAFAEL



ARCANJO RAFAEL: “MEDICINA DE DEUS”
A Bíblia cita o Arcanjo Rafael, no Antigo Testamento, no Livro de Tobias (presente somente no cânon Católico). No capítulo 5, versículo 4 (Tb 5,4) vê o início das aparições de Rafael ao jovem Tobias: "(…) Tendo saído, deparou-se-he o anjo Rafael, sem demonstrar, todavia, ser um anjo de Deus" Já no capítulo 6, versículo 3 (Tb 6,3), vê-se porque imagem esculpida pelos católicos mostra o arcanjo segurando um peixe. Eis que o grande peixe que tentou devorar Tobias e que o anjo lhe ordenou que o dominasse para tirar-lhe o fel, o qual, vemos (Tb 6,11) que é usado pelo arcanjo para curar o pai de Tobias devolvendo-lhe a visão.
Somente no capítulo 12 Rafael se dá a conhecer, se apresentando como anjo de Deus (Tb 12,15) "Eu sou Rafael, um dos sete santos anjos que assistem e têm acesso à majestade do Senhor".
Não é mencionado no Novo Testamento, mas a tradição o identifica como o anjo da ovelha em João 5,2. Rafael também é figura proeminente nos costumes do Judaísmo (ele é um dos três anjos que visitaram Abraão antes da destruição de Sodoma e Gomorra).
Sua festa é celebrada no dia 29 de setembro, junto com Gabriel e Miguel. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rafael_(arcanjo).
ORAÇÃO
Glorioso Arcanjo São Rafael, que vos dignastes tomar a aparência de um simples viajante, para vos fazer o protetor do jovem Tobias; ensinai-nos a viver sobrenaturalmente, elevando sem cessar nossas almas, acima das coisas terrestres.
Vinde em nosso socorro no momento das tentações e ajudai-nos a afastar de nossas almas e de nossos trabalhos todas as influências do inferno.
Ensinai-nos a viver neste espírito de fé, que sabe reconhecer a misericórdia Divina em todas as provações, e as utilizar para a salvação de nossas almas.
Obtende-nos a graça que vos peço (faça o pedido), de inteira conformidade à vontade Divina, seja que ela nos conceda a cura dos nossos males, ou que recuse o que lhe pedimos.
São Rafael, guia protetor e companheiro de Tobias, dirigi-nos no caminho da salvação, preservai-nos de todo perigo e conduzi-nos ao Céu. Assim seja. (Rezar 1 Pai Nosso, uma Ave Maria e fazer o sinal da Cruz). (http://blog.cancaonova.com/fabioroniel/2007/10/10/sao-rafael-arcanjo/)

ARCANJO SÃO MIGUEL




“QUEM COMO DEUS?”
MIGUEL, O ARCANJO GUERREIRO.

A tradução literal para o nome Miguel é “Aquele/Quem como Deus”.
§  Mi = Aquele/Quem(?)
§  Ka = Como
§  El = Deus.

            São Miguel, como expressão da onipotência de Deus, teve um culto particular desde o começo da história do Cristianismo.
            As Escrituras referem-se nominalmente ao Arcanjo São Miguel em quatro passagens: duas delas na profecia de Daniel (cap. 10,13 e 21; e cap. 12,1); uma na Epístola de São Judas Tadeu cap. Único vers. 9 e, finalmente, no Apocalipse (12, 7-12).
            No livro de Daniel o Santo Arcanjo aparece como “um dos primeiros príncipes” e protetor de Israel. Nas Escrituras os Anjos são chamados com freqüência de príncipes.
            O culto a São Miguel Arcanjo vem dos primeiros tempos da Igreja. Em ícone Bizantino em uma de suas mãos observamos o globo da justiça e o cetro, como príncipe da Milícia celeste. (Solimeo P. M. O LIVRO DOS TRÊS ARCANJOS. Ed. Artpress- Sp. 1999).

ORAÇÃO

“São Miguel Arcanjo protegei-nos neste combate, cobri-nos com o vosso escudo contra as mentiras e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos e vós Príncipe da Milícia Celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a satanás e a todos os espíritos malignos que andam no Mundo para perdição das almas”. Amém. 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SIMBOLOGIA DA CORES NA ICONOGRAFIA



A luz penetra na superfície da pintura passando através das partículas de pigmentos que possui diferentes tamanhos. Essas partículas não absorvem muita luz, mas possuem um índice de refração maior do que do meio que as rodeiam. Desta forma a luz é refratada para fora da pintura.
Nos pigmentos coloridos a opacidade da camada de pintura dependerá da absorção da luz e da capacidade de espalhá-la que dependera do índice de refração e da distribuição e dos tamanhos das partículas.
Nos pigmentos naturais este efeito será de um brilho maior na pintura, porque eles possuem uma diversidade de tamanho das partículas muito maior do que os pigmentos artificiais. Outro fator que afeta o brilho da pintura é a base na qual será executado.
A opacidade de uma pintura é influenciada pelos índices de refração dos pigmentos do solvente pelos tamanhos das partículas e da proporção de pigmentos e a espessura aplicada.
A cor segundo a óptica é o resultado da decomposição da Luz, e segundo a espiritualidade na iconografia utiliza a Luz Tabórica[1] irradiando assim a cena retratada tendo um papel importantíssimo.
O iconógrafo tem uma liberdade limitada para escolher as cores, devendo ser fiel aos cânones estabelecidos e à sua tradição.
            Os imperadores bizantinos o púrpura era símbolo da realeza e o azul do céu é a cor de tudo o que vem do mundo espiritual. O Cristo se fez homem, sua vestimenta interna é púrpura, mas é revestida do divino que é azul por fora. Enquanto na Virgem Maria ela era humana abrigou dentro de si o divino. Assim o azul esta no interior e o púrpura por fora.
            As Madonas toda de azuis tão belas e formosas que vemos desde a Renascença é porque houve uma perda do simbolismo.
Quando observamos ícones que infelizmente alguns restauradores alteraram as cores originais de alguns ícones antigos por isso encontramos algumas Virgens antigas de azul.

                LUZES MONOGRAMÁTICAS: São os tons mais claros que observamos no ícone. É um clareamento gradativo do tom base que chega até próximo do branco.

                LUZES POLICROMÁTICAS: São luzes de tons diferentes do tom base

a.      Vermelho, utilizado para referir-se ao sangue e ao fogo respectivamente símbolo do martírio/sacrifício e a manifestação do Espírito Santo.
O vermelho e o branco traduzem o Amor e a Sabedoria de Deus encontrado no Cristo após a Ressurreição e a segunda vinda de Cristo.
O vermelho é uma das cores mais usadas nos ícones. É a cor do calor paixão, amor e da energia doadora de vida por isso tornou-se o símbolo da ressurreição – da vitória sobre a morte. Ao mesmo tempo é a cor da tormenta do sangue, do martírio, do sacrifício de Cristo. Os mártires costumam ser representados com vestes vermelhas.
Alguns ícones, sobretudo nos russos entre os séculos XIV e XVI possuem como símbolo da celebração eterna da vida.

b.      Púrpura, exprime a idéia de riqueza devido ao alto custo. A idéia de riqueza mistura-se com elementos religiosos. Os sacerdotes e reis vestiam-se de vestes cor púrpura simbolizando a cor da mais alta dignidade. Em Bizâncio, a cor era de uso exclusivo dos imperadores. A cor do manto Theotokos na iconografia, raramente se usa a tonalidade púrpura pura, sendo uma cor que se aproxima do vermelho ficando assim mais luminosa.

c.       Azul, na cosmologia, o Deus Criador é cor azul. Cristo nos seus três anos de ministério de sabedoria e verdade é representado com o manto (himaton) azul. De azul Ele inicia os homens nas verdades da vida eterna. O azul é símbolo do caminho de fé. O azul é o infinito do céu e o símbolo de outro mundo. O azul escuro é a cor da túnica de Nossa Senhora.

d.      Verde, para o Cristianismo o verde é o símbolo da regeneração da consciência. Desta forma o azul da Virgem e do Cristo é muitas vezes substituído pelo verde. São João Batista, simbolizando sua qualidade de apóstolo da caridade e realização espiritual e da nova vida que anuncia através do batismo. É a cor dos profetas. Na Bíblia se diz que de Deus emanaram três esferas concêntricas (Ezequiel, 1:26; Êxodo, 24:9-10: uma vermelha (do amor), uma azul da (sabedoria) e outra verde (criação).
Também simboliza a juventude. Na infância, Jesus é muitas vezes representado de verde como símbolo da esperança de regeneração da humanidade, de uma nova vida. Muitas vezes Maria nas cenas da anunciação e do nascimento de Cristo pode usar o verde ao invés de azul como símbolo da nova vida que inicia. Na Sagrada Escritura o verde é usado como  um atributo da natureza, exprimindo a vida da vegetação simbolizando também o crescimento e a fertilidade. Para o Aeropagita, o verde é a juventude e a vitalidade.

e.      O ouro, o amarelo e o sol simbolizam a união da alma a Deus, a luz revelada aos profanos. Simbolizam os graus da revelação.
O ouro é um metal substância que não faz parte da pintura sendo difícil harmonizar com o sistema de cores do ícone. As cores expressam-se como a luz refletida, o ouro é a própria luz e genuína.
Segundo Florensky a pintura e o ouro pertencem a esferas diferentes de existência sendo esta a diferença que o iconografo faz uso.

a)      As linhas de ouro (assist) aplicada às vestes não correspondem a quaisquer linha visível como pregas ou no caso de tronos, às diferenças de planos elas representam o sistema de linhas potencias da estrutura energética do objeto, semelhante às linhas de força de um campo magnético. Desta forma elas não podem ser aplicadas a todos os objetos representados no ícone. São em numero limitado e, na maior parte dos casos aplicados às vestes do Salvador. O ouro em um ícone representa a luz divina.

f.        Preto se opõe ao branco, desta forma como as trevas se opõem à luz, o mal ao bem, a noite se opõe ao dia. Mas o preto também é o símbolo da luta contra o mal. Em pinturas da idade Média Jesus é representado de preto quando luta contra o demônio, nas tentações do deserto. As vestes dos monges o preto é símbolo da mais alta ascese da sua morte para este mundo material.
O inferno no ícone da ressurreição é preto, a tumba de onde Lázaro é ressuscitado e a gruta embaixo da cruz de Cristo, como a caveira é símbolo da entrada da morte pelo pecado, da qual Cristo nos livra.
Na caverna da natividade de Cristo é preta assim nos recorda que o Cristo aparece para iluminar com cores a aqueles que estão nas trevas e na sombra da morte, e dirigir nossos passos pelo caminho da paz. (Lucas 1, 19). No entanto o preto também significa que o menino Jesus, como todos os homens passará pela morte para nos doar a vida eterna. O preto na iconografia nunca é usado puro, mas sempre misturado com algum pigmento.

g.      Branco, é a união de todas as cores é símbolo da própria Luz e da Vida que vence a morte. É a cor da túnica de Cristo no ícone da Transfiguração e da descida ao Hades: é a faixa que envolve o menino Jesus no ícone da Natividade e Lazaro, no ícone da ressurreição; é o lenço que cobre a nudez de Cristo, no ícone da Crucifixão e em alguns ícones do Batismo de Cristo. No ícone da Dormitação branco é a veste de Maria acolhida como pequena criatura nos braços de Cristo
O branco é a cor de quem está penetrado pela luz de Deus. É a cor da inocência porque para aqueles que se converte, Deus promete que os seus pecados tornarão brancos como a neve (Is. 1,10) por isto o branco é usado nas grandes festas litúrgicas para exprimir a alegria.

h.      Violeta, é a mistura de azul e o vermelho, símbolo do luto. Se pensarmos que o vermelho é o símbolo do fogo espiritual, do amor divino e o azul é símbolo da verdade eterna, o violeta será símbolo da ressurreição eterna. Durante a semana santa, a cor da igreja é o violeta para simbolizar não somente o luto pela morte do Cristo, mas também a preparação para a sua ressurreição.

i.        Marrom, é a composição do vermelho, azul e verde e contém o preto. Quando comparamos o marrom com o preto ele é uma cor viva, mas ao compararmos com as outras cores o marrom mostra-se uma cor morta. É o reflexo da densidade da matéria, falta o dinamismo e a irradiação das outras cores. Assim encontramos o marrom em tudo que é terreno. Também é símbolo da humildade. Nos monges e ascetas, é símbolo da renuncia as alegrias da vida terrena e da pobreza.
O marrom também é usado em combinação com o tom púrpura nas vestes da Theotokos para nos lembrar de sua natureza humana, mortal.  
          



[1] Luz que emana da presença na figura retratada.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CARACTERÍSTICA DA TÉCNICA

SÃO JOÃO

·        Técnica da escola Russa do século XIV; XV e XVI. Ícones são Eslavos Bizantinos realizados no período áureos da iconografia.
·        Tempera a ovo
·        Pigmentos naturais
·        Em iconografia as cores são feitas a partir da cor mais escura para a mais clara.
·        Os tons das cores não podem competir entre si.
·        Existem muitos pontos de luz.
·        A tonalização é a experiência de cada um.
Na escola de São Petisburg a imagem é transferida e quando se termina um ícone “cada um” é único distinto do outro. Os ícones de cada século são diferentes. A nossa técnica são do século XV. Os ícones devem seguir uma tradição.


domingo, 25 de setembro de 2011

SÃO JUDAS TADEU



28 DE OUTUBRO

Apóstolo de Cristo nascido em Caná de Galiléia, na Palestina, era primo-irmão de Jesus e irmão de Tiago o Menor, que na última ceia, perguntou ao seu mestre: Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo? Agricultor, era filho de Alfeu ou Cleofas, um dos discípulos a quem Jesus apareceu no caminho de Emaús no dia da ressurreição e irmão de São José, e de Maria Cleófas, prima-irmã de Maria Santíssima, uma das piedosas mulheres que tinham seguido a Jesus desde a Galiléia e permaneceram ao pé da cruz, no Calvário, junto com Maria Santíssima. Tinha quatro irmãos: Tiago, José, Simão e Maria Salomé.
Dos irmãos dele, Tiago foi um dos doze apóstolos, que se tomou o primeiro bispo de Jerusalém. José, apenas conhecido como o Justo. Simão foi o segundo bispo de Jerusalém, após Tiago. E Maria Salomé, a única irmã, foi mãe dos apóstolos Tiago o Maior e João Evangelista.
Também chamado Lebeu Tadeu, é um dos doze citados nominalmente por Mateus e Marcos, em seus Evangelhos, e um dos mais fervorosos do grupo. Conforme os textos apócrifos, teria sido o esposo nas bodas de Caná, e isto explica a presença de Maria e de Jesus naquela realização.
 Depois da ascensão de Jesus e que os Apóstolos receberam o Espírito Santo (1), no Cenáculo em Jerusalém, iniciou a pregação de sua fé no meio dos maiores sofrimentos e perseguições, pela Galiléia. Depois viajou para a Samaria e outras populações judaicas divulgando o Evangelho. Tomou parte no primeiro Concílio de Jerusalém (50) e em seguida passou evangelizando pela Mesopotâmia, atual Pérsia, Edessa, Arábia e Síria. Parece claro que se destacou principalmente na Armênia, Síria e Norte da Pérsia (43-66), sendo o primeiro a manifestar apoio ao rei estrangeiro, Algar de Edessa.
Na Mesopotâmia ganhou a companhia de outro apóstolo, Simão o Zelota, aparentemente viajando em companhia de quinto Apóstolo a ir ao Oriente. Segundo relata São Jerônimo, ambos foram martirizados cruelmente quando estavam na Pérsia, mortos a golpes de machado (70), desferidos por sacerdotes pagãos, por se recusarem a prestar culto à deusa Diana. Assim, na igreja ocidental, os dois santos são celebrados juntos em 28 de outubro.
            É invocado como advogado das causas desesperadas e dos supremos momentos de angústia.
Essa devoção surgiu na França e na Alemanha no fim do século XVIII. No Brasil, a devoção a esse santo é muito popular e surgiu no início do século XX. Devido à forma como foi martirizado, sempre é representado em suas imagens/estátuas segurando um livro, simbolizando a palavra que anunciou, e uma machadinha, o instrumento de seu martírio. Suas relíquias atualmente são veneradas na Basílica de São Pedro, em Roma. Sua festa litúrgica celebra-se, todos os anos, na provável data de sua morte: 28 de outubro de 70.
Fonte: www.netsaber.com.br. Ele não deve ser confundido com Judas Iscariotes, também outro apóstolo, que traiu Jesus e mais tarde, (segundo Mateus).



PERSPECTIVA



Define-se perspectiva como a projeção em uma superfície bidimensional de um determinado fenômeno tridimensional. Para ser representada na forma de um desenho (conjunto de linhas, formas e superfícies) devem ser aplicados mecanismos gráficos estudados pela Geometria descritiva, os quais permitem uma reprodução precisa ou analítica da realidade tridimensional. O fenômeno perspéctico manifesta-se especialmente na percepção visual do ser humano  (Enciclopeia wikipedia on-line).

PERSPECTIVA INVERSA, OU PERSPECTIVA BIZANTINA

 The lines diverge against the horizon, rather than converge as in linear perspective . As linhas divergem contra o horizonte, ao invés de convergir como na perspectiva linear. Technically, the vanishing points are placed outside the painting with the illusion that they are "in front of" the painting. Tecnicamente, o ponto de fuga é colocado fora da pintura com a ilusão de que está "na frente" da pintura. The name Byzantine perspective comes from the use of this perspective in Byzantine and Russian Orthodox icons ; it is also found in East Asian art, and was sometimes used in Cubism and other movements of modern art . O nome perspectiva bizantino vem do uso dessa perspectiva na arte sacra bizantina.  O conteúdo da imagem como a abertura e expansão, aumenta a sensação do expectador. One interpretation is that as the vanishing point of the perspective scheme is near the viewer, it shows God looking upon him, rather than the viewer looking upon God. [ citation needed ] It displays the spiritual rather than the physical reality.  O ponto de fuga está perto do espectador.
 No ícone Pantocrator Ele é que olha para o espectador em vez de o espectador olhar para Pantocrator demonstrando o lado espiritual e não a realidade física. An alternative interpretation would be that as God is omnipresent , his view converges from everywhere, rather than scanning out from a point.Cuja interpretação é de que  Deus é onipresente, sua visão convergente de todos os lugares, ao invés a partir de um ponto no quadro. According to this interpretation, the reverse perspective would be imitative of the conception and/or sensorium of God. [ citation needed ] Segundo esta interpretação, a perspectiva inversa seria da concepção e / ou sensório de Deus. Pressupõe uma posição interna do pintor havendo redução das medidas dos objetos que são representados maiores do que as do primeiro plano. A perspectiva invertida desorienta o espectador, pois nossos olhos estão acostumados com a perspectiva linear. 




VIRGEM DA TERNURA



O ícone de Maria não é como naturalismo ou o renascentismo, que a representa como uma bela mulher com o menino maravilhoso, mas aquele que manifesta seu mistério, isto é, que leva o cristão ao conhecimento e ao amor do Filho, do Espírito e do Pai. O caráter epifânico da Theotokos se modula através de uma tipologia que não estabelece tanto os traços de seu perfil ou retrato, mas os diferentes tipos de sua representação: 1- Hodighítria, ou guia para Cristo, que é o caminho; 2- Eleusa, ou terna e misericordiosa, que segura nos braços o Menino, o qual se abraça afetuosamente à Mãe, face na face; 3- Orante, que representa a Virgem de pé, ao lado de Cristo (Deésis), ou com as mãos erguidas e com o Menino no seio, enquadrado por um círculo. (Parracini, 2001, p, 8,9).

Eleusa significa “a terna”, “a compassiva”; assim, quando aplicada à Mãe de Deus , passa a ser um dos títulos iconográficos marianos mais conhecidos: Virgem da Ternura. Esse título é dado pelo afeto que une Mãe e Filho e exalta a humanidade de Cristo.

            É um ícone da escola cretense do século XVII. “Genitora de Deus” (Theotokos, segundo a expressão grega) é o titulo que o Concilio de Éfeso, em 431, atribui a Nossa Senhora, e que a tradição oriental conservou e privilegiou ao longo dos séculos até hoje. A virgem é representada enquanto o Filho, abraçando-a ternamente, lhe revela sua paixão. Doce, terna, triste, alegre penetrante, compreensiva. Maria sintetiza em si o Fiat da Igreja inteira, pronunciando-o em nome de cada criatura. O protótipo desta tipologia provém de Bizâncio (a tradição quer que tenha sido pintada pelo evangelista Lucas) (Parravicini, 2001 p. 134).
            As expressões de caricias dos dois rostos. Sensibiliza-nos a disposição das mãos: a do Menino Jesus está apoiada num confiante abandono sobre as mãos direita da Mãe, enquanto que com sua mão esquerda Ela segura e ao mesmo tempo parece acariciá-lo. 
            A contemplação desse ícone nos conduz a uma experiência espiritual profunda. Levando-nos a seguir um movimento que parte dos olhos da Virgem em direção às suas mãos. Passa das mãos de Maria para a da criança novamente para os olhos de Maria.


O PANTOCRATOR "AQUELE QUE TUDO REGE".



Ele é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus humanado e o Deus que reina que tudo rege o Pantocrator. Ele é pintado ao mesmo tempo severo e manso. De toda sua pessoa transpira a fragrância de perfume espiritual. De sua cabeça imaculada e da sua cabeleira se desprende uma refinada grandeza; dos seus olhos, amor e serenidade, aquele de quem “percuta” os corações e os rins; do seu nariz equidade e misericórdia; da sua boca; paz e perdão; das suas faces, clemência e bondade; do seu pescoço e dos ombros, misericórdia e piedade; da sua mão direita, bênção e indulgência; da esquerda, que segura com força o santo Evangelho, se origina a Lei vivificante que conforta os abatidos; o seu queixo redondo manifesta doçura e longanimidade. Da sua boca emana o óleo da santidade; do manto que o envolve, como a nuvem ao sol, se efunde a imensidade do todo.
O Pantocrator infunde na alma devota todos os santos sentimentos, sendo ele, grande, poderoso, criador, onividente, suave, amigo dos homens, salvador, juiz, humilde, severo, misericordioso. Ele é, segundo a palavra de Ezequiel, a “Águia” grande de grandes asas, que voa eternamente e incorrupta sobre o mundo. Para ele “mil anos são como o dia de ontem que passou”.
As imagens do Pantocrator guardam algo da humanidade amável do Salvador, que acariciava crianças e dizia de si mesmo se “manso e humilde de coração”. O mais antigo ícone do Pantocrator encontra-se no Mosteiro de Santa Catarina no Monte Sinai, talvez na época de Justiniano I (VI século), que Heinrich Pfeiffer considera a “base de toda imagem do Cristo Pantocrátor”, possuem expressão bastante suave que inspira mais veneração do que temor. Os artistas pareciam, então, preocupados em sugerir algo não visível, a transcendência divina.
“Quando ouvimos o termo Pantocrator, Aquele que tudo rege, compreendemos com a mente de Deus mantêm no ser todas as coisas: tanto as de natureza inteligível como as de natureza material. Por isso ele contém o universo e as mãos os confins da terra; avalia os céus com o palmo (Isaías 40,12); por isso ele mede o mar com a mão; e também, por isso abrange em si todas as criaturas inteligíveis, a fim de que todas as coisas permaneçam no ser, contidas por meio do poder que tudo abraça.
A intenção dos artistas bizantinos era acentuar, visualmente, quatro realidades:
- O fato de que Deus domina todas as criações;
- o fato de que Deus conserva tudo no ser;
- o fato de que Deus abrange e contém tudo em si;
- o fato de que Deus penetra todas as coisas.
A necessidade de se projetar a figura de Cristo na esfera do sobrenatural tenha levado artistas bizantinos a se servirem de uma série de recursos estilísticos. Mencionemos os principais: a idealização da figura, que apresenta feições, não realistas nem individuais; o alongamento do corpo (quando a representação é de corpo inteiro); a supressão de espaço real, uma vez que o ambiente e a paisagem são reduzidos a indicações; a supressão do movimento, que confere às imagens uma imobilidade hierática; os fundos de ouro[1], que contribuem para que a imagem se situe numa sorte de infinitos, a rigorosa frontalidade dos semblantes, que com seus olhos desmesurados sugerem a vida que não esta mais ao alcance da morte; e, finalmente, a desmaterialização do suporte mediante um habilidoso uso da cor e da luz. Ou seja, a cor é utilizada sem referencia aos objetos concretos, o que torna a arte bizantina precursora do abstracionismo. Wassily Kandinsky, “pai da Arte Abstrata” declarou que o contato com os ícones russos medievais (cuja fonte de inspiração foi a arte bizantina) “influenciou todo o seu desenvolvimento artístico.
            A teologia bizantina sempre quis ver na figura do “Senhor de Todas as Coisas” uma profissão de fé na divindade de Cristo. Sendo a iconografia não uma arte válida em si mesma, mas uma arte para a Igreja lhe incumbido expressar o conteúdo da crença e da prática dos fiéis. Eis por que o lugar o Pantocrátor é sob a cúpula central, onde as abóbadas se cruzam. A cúpula representa o céu. Ademais, a figura do “Senhor vestido de louvor e magnificência” evoca três outros atributos: a grandeza do Criador, a bondade ativa do Salvador, e a austeridade do Juiz imparcial. Toda a leitura das imagens do Pantocrator é obrigada a privilegiar tal dimensão telógico-liturgico. A arte bizantina permaneceu sempre ancorada na preocupação trinitária, uma vez que este é o “mistério primordial da revelação”. Vladimir Lossky nota: “A teologia mística da Igreja Oriental sempre se afirmará como triadocêntrica. O conhecimento de Deus será (para ela) um conhecimento da Trindade. Tal preocupação levou o monge pintor Andrei Rublev (1330-1430), beatificado por ocasião do Primeiro Milênio da Evangelização da Rússia (988-1988) a criar um dos mais assombrosos ícones da tradição russa, o Ícone da Trindade (1411; hoje na Galeria Tretiakov, em Moscou). O Pantocrator é sempre visto na sua humanidade, mas em união substancial com a divindade, “esplendor comum das Três Pessoas”.



[1] A influência da estética de Dionísio Aeropagita sobre a arte bizantina manifesta-se no emprego do ouro. Segundo Dionísio, o ouro faz aparecer um esplendor indestrutível, pródigo, inesgotável e imaculado. O ouro é o reflexo do sol. O ouro é mais irradiação e brilho do que cor. Por isso o ouro se encontra em toda a parte onde se quer expressar a participação na vida divina, sobretudo nas auréolas, vestimentas sagradas, vasos rituais e evangeliários. As próprias vestes de Cristo são freqüentemente, ornadas com filigranas douradas, símbolo de sua divindade.