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terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRUZ DE SÃO DAMIÃO

CRUZ DE SÃO DAMIÃO 
(Foi este o Crucifixo e Francisco ouviu dizer, “Francisco, vai e repara minha casa que, como vês, esta toda destruída”).
O Cristo da igreja de São Damiao que após a morte de Francisco, foi levada para o convento das Pobres Damas e somente nos anos 50 do século passado foi apresentado aos olhos do público na Basílica de Santa Clara.
Foi pintada por um artista italiano desconhecido no século XII num pano colocado sobre uma madeira de nogueira. Possui 1,90 de altura, 1,20 de largura e 12 cm de espessura.
É uma imagem clássica do Crucificado Vitorioso ou Cristo Triunfante. Apesar de ser um crucifixo, a imagem não remete à crucificação. Este é o Cristo glorioso que Santa Clara comtemplou durante toda sua vida, no Mosteiro de São Damião (1212-1253). Por isso, falará tantas vezes no “Rei da Glória”.
O crucifixo de São Damião, pertence a uma categoria de imagem, não simplesmente esculpida pela mão humana, mas portadora de algo diferenciado? A imagem se identifica à tradição bizantina dos ícones.  Pode-se dizer que o que o ícone, não é a visão do homem sobre as coisas, mas o olhar imaginado por Deus sobre os homens. O ícone é definido como símbolo ‘econômico’, ou seja, relacional, e não como entidade imitativa” (Mondazain, 2006, p. 220). Ao fazer emergir o conceito de  ‘economia’, Mondazain evidencia uma identificação de ícone centrada não na coisa, mas na relação estabelecida entre o observador, a coisa e o ser transcendente.
A diferença entre a imagem, a coisa, e o ser a que ela se refere, o protótipo, expressa usualmente utilizada pelos teólogos não parece comprometer as praticas devocionais.
A imagem religiosa não pode ser pensada somente como representação, pois implica no reconhecimento de uma força esperada, possível, ainda que não constante. A presença milagrosa não é, mas pode estar. Personificação em lugar de presença tem sido a expressão mais feliz empregada.
Francisco de Assis (1182-1226) com esta imagem do Crucificado, teria se comunicado diretamente com Francisco.
A imagem de Cristo se manifestou a Francisco de Assis quando este andava pelos arredores da igreja de São Damião, abandonada e quase em ruinas. Levado pelo Espírito Santo entrou na igreja para rezar e se ajoelhou devotamente. Tocado por uma sensação que era nova para ele, sentiu-se diferente do que quando tinha entrado. Pouco depois, coisa inaudita, a imagem do Crucificado mexeu os lábios e falou com ele. Chamando-o pelo nome, disse: “Francisco, vai e repara minha casa que, como vês, esta toda destruída”.  A tremer, Francisco espantou-se se não pouco e ficou fora de si como o que ouviu. Tratou de obedecer e se entregou toda à obra.  “Desde essa época, domina-o enorme compaixão pelo Crucificado, e podemos julgar piedosamente que os estigmas da Paixão desde então lhe foram gravados”.  (2Cel, 6,10-11).
Nela Cristo não está pregado, mas paira sobre a cruz irradiando luz para todo o ícone. Este emerge do túmulo, identificado com a cor preta atrás dele e não se apresentam pregos. Do ferimento da lateral do tronco, jorra o sangue sobre a cabeça de João, representado bem jovem. De seus pés e mãos também o sangue jorra, mas é a aspergido a partir de seu corpo.
Observando-se os olhos da imagem de Jesus que se sobressaem aos moldes dos ícones bizantinos, estão abertos de simboliza que: Ele olha para o mundo que salvou. Ele vive e é eterno.
A veste de Jesus é um simples pano sobre o quadril – o que simboliza tanto o Sumo Sacerdote como a Vítima.
Cristo se destaca do túmulo, sendo cercado por aqueles que participam do momento da crucificação:
Abaixo do braço direito, Maria e João; são colocados lado a lado junto à Cruz. O manto de Maria é branco, significando vitória (Ap.3,5), purificação (Ap. 7,14) e boas obras (Ap. 19,8). As pedras preciosas no manto dizem respeito às graças do Espirito Santo. O vermelho escuro usado indica intenso amor, enquanto a veste interna na cor purpúrea lembra a Arca da Aliança (Ex. 26,1-4).
A mão esquerda de Maria está no rosto, retratando a aceitação do amor de João, e sua mão direita aponta para João, enquanto seus olhos proclamam a aceitação das palavras de Cristo: “Mulher, eis aí teu filho”(Jo. 19,26).
O sangue coteja em João neste momento. O manto de João é cor de rosa que indica sabedoria eterna, enquanto sua túnica é branca – pureza. Sua posição é entre Jesus e Maria, o discípulo amado por ambos. Ele está olhando para Maria, aceitando as palavras de Jesus: “Eis aí tua Mãe” (Jo. 19,27).
Em tamanho menor, está um dos soldados romanos, o que feriu Cristo com a lança.
Do lado direito da Cruz Maria Madalena, que era considerada por Jesus de uma forma muito especial, está junto à cruz. Sua mão está no queixo, indicando um segredo “Ele ressuscitou”. Sua veste tem cor escarlate, que simboliza amor, e seu manto azul intensifica este símbolo. Maria de Cléofas usa veste castanho símbolo de humildade, e seu manto verde claro (esperança). Sua admiração por Jesus é demonstrada no gesto de suas mãos.
O centurião segura, na sua mão esquerda, um pedaço de madeira representado sua participação na construção da sinagoga (Lc. 7,1-10). A criança ao lado é o seu filho curado por Jesus. As três cabeças atrás do menino mostram: “e creu, tanto ele, como toda a sua casa”(Jo, 19,28-30). Têm três dedos estendidos, símbolo da Trindade, e os outros dois fechados, simbolizam o mistério das suas naturezas de Jesus Cristo (divina e humana). “Este homem era verdadeiramente o filho de Deus “(Jo. 19,28-30).
Vemos ainda outro personagem, paralelo e no mesmo tamanho do soldado com a lança. Não se trata, no entanto, de outro soldado, levando em conta a diferença de vestimentas, mas simples e escura.
Abaixo de cada uma das mãos estão dois grupos de  anjos em atitude de conversão; discutem as cenas que se desenrolam diante  deles. “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo. 3,16).
Os vermelhos  simboliza o amor que supera o escuro da morte.
Na frentes de cada uma das mãos estão duas figuras santificadas, não aladas que também ainda não reconhecemos.
Junto à perna de Cristo, ao lado, a figura do galo, animal emblema de Cristo (assim como a águia e o cordeiro), símbolo solar indicando a luz e a ressurreição. Outra possibilidade seria a referencia à negação de Pedro profetizada por Cristo que depois chorou amargamente: “Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes”! (Jo. 13,38). O galo igualmente proclama novo despertar do Cristo Ressuscitado. Ele que é a verdadeira Luz (1Jo. 2,8).
Na parte de baixo da Cruz embaixo dos pés de Jesus existem seis santos desconhecidos que estudiosos afirmam ser Damião, Rufino, Miguel, João Batista, Pedro e Paulo, todos patronos de igrejas das vizinhanças de Assis.
São Damião era patrono da igreja que alojou a cruz de São Rufino e patrono de Assis.
Acima da imagem do corpo de Cristo, o Cristo Ressuscitado ele próprio é recepcionado nos céus pelos anjos que o guardam, distribuídos harmoniosamente. Cristo sai do circulo da vida no mundo e alcança o espaço celestial, trazendo à mão a cruz em forma de cetro símbolo da realiza. Acima a mão de Deus Pai, imagem comum para representar a primeira pessoa da Trindade, em semicírculo que o destaca dos outros seres celestes.
A cor de sua vestimenta é dourada, símbolo da majestade e vitória. A estola vermelha é um sinal de sua autoridade suprema exercida no amor. Os anjos acima lhe dão boas vindas ao Reino dos Céus.
INS são as três primeiras letras do nome de Jesus em grego. NAZARÉ é o Nazareno.
De dentro do semicírculo, na extremidade mais alta da cruz, está Deus Pai, se revela numa benção. Esta benção é dada pela mão direita de Deus, com o dedo estendido.
Em torno da cruz há ornamentos caligráficos que podem significar a videira mística, “Eu sou a videira, vós os ramos...” (Jo 15,5). Na base da cruz há algo que parece ser uma pedra – símbolo da Igreja. As conchas do mar são símbolos da eternidade, que nos é revelada.

REFERENCIAS:

MONDAZAIN, Marie-José. Immginem, icona,economia – Le origini bizantine dellímmaginario contemporâneo. Milano: Jaca Book, 2006.
SIGLAS:
2Cel – VidaII, de Tomás de Celano.

sábado, 29 de março de 2014

ASCENSÃO DO PROFETA ELIAS II Reis 2, 11.


ASCENSÃO DO PROFETA ELIAS
IIREIS 2,11.

O nome Elias, significa “Yaveh é Deus” ou “Yaveh é meu Deus”, já expressa seu caráter e sua função na história bíblica, trata-se do primaz dentro no monoteísmo de Yaveh.
É aquele quem mantém a fé em Yaveh entre o povo e quem luta com vigor pelos Seus direitos. Sua árdua luta contra o sincretismo religioso e deste profeta que “parecia de fogo e cuja palavra era um forno acesso”, uma figura de primeira linha na sucessão das Alianças. O Eclesiástico (48,1-11) canta suas glórias e os livros de Reis nos contam sua vida de forma ampla, distinguindo-se dois ciclos: “o ciclo do Elias (IReis. 17 – IIRs.1) , que se centra na atividade do profeta, e o ciclo de Eliseu” (IIRs. 2-13) que começa o arrebatamento de Elias, momento em que Elizeu o sucede. Chegando ao fim de sua vida, Elias deixa Gálgala e seguido de Eliseu e de um grupo de profetas fazendo paradas em Betel e Jericó, chega até o Jordão atravessando o rio a pé enxuto, ao dividir as águas com seu manto. Apenas Eliseu, destinado a sucedê-lo é quem o acompanha. O fim misterioso de Elias se descreve como um arrebatamento por um carro de fogo (IIRs. 2-13). Desta descrição se originou a antiga crença hebraica de que o profeta haveria de regressar antes do “Grande dia de Yaveh” o da “parusia” do Messias, encontrando eco em Mc. 6,14-16; 9,11; Lc. 9,7.
O prudente parecer expressado por Flavio Josefo (Ant. IX, 2, 2: “Elias desapareceu dentre os homens e, até o dia de hoje, nada se sabe sobre sua morte) , e sobre tudo a atitude de Jesus relata os Evangelhos, nos leva a considerar a descrição do arrebatamento de Elias como um caso de êxtase profético de Eliseu para significar a especial assistência divina na morte do profeta. Na realidade, o fim de Elias está descrito tal com apareceu aos olhos de Eliseu IMac. 2, 58 que foi o único que presenciou.
O mesmo verbo lagah (=tomar), usado para indicar o arrebatamento de Elias, expressa em outros lugares a intervenção de Deus na morte serena do justo (Gen. 5, 24; Salmo 49, 16; Is.53,8.

Na transfiguração de Jesus no Tabor, Elias aparece junto a Moisés Mc. 9,2-8; Mt. 17,1-8; Lc. 9,28-36 também favorecido por uma teofania do Sinai. Elias já esta unido a Moises na Antiga Aliança, da qual um é o legislador que a pactua e o outro o profeta que a conserva intacta e pura. A presença de ambos no Tabor vem a testemunho na antecipada exaltação de Jesus, que a nova Aliança é o coroamento da Antiga. 

domingo, 23 de março de 2014

As Miróforas


SIGNIFICADO DO ÍCONE DAS MIRÓFORAS
As mulheres Miróforas (que levam a mirra) vão ao sepulcro.

“Ao amanhecer as Miróforas, tomando consigo os aromas, foram ao sepulcro do Senhor e notaram coisas que não esperavam, pasmas ao ver a pedra removida, diziam umas às outras: onde estão as lacres do túmulo? Onde estão os guardas que Pilatos enviou por precaução? Mas seus temores cessaram ao ver o resplandecente anjo dirigir-se a elas dizendo: por que buscais em pranto Aquele que está vivo e vivifica o gênero humano? Cristo, nosso Deus onipotente , ressurgiu dos mortos e dá a todos nós a vida imortal, a iluminação e a grande misericórdia.
O ícone tem a largura de 40 cm de largura por 49,7cm de altura.
As faixas encontradas no tumulo são semelhantes às encontradas na natividade de Jesus Cristo.
As asas apontam para o céu.
As montanhas são as colinas de Jerusalém.
As montanhas mais claras e menores, situadas atrás do muro de Jerusalém, representam a vida terrena e o Antigo Testamento. As mais escuras e maiores, começando atrás e vindo para frente do muro, representam o Novo Testamento e a vida espiritual.
O tamanho do ícone original é de 50 cm de largura por 80 cm de altura.
Este ícone é o resultado de uma composição de outros ícones de Miróforas.
É um Ícone Pascal que representa a renovação da vida, não fazendo parte da tradicional iconostase, no entanto é muito importante. É colocado para veneração no sábado da semana que antecede o domingo de pascoa e celebrado no domingo de Pascoa.
A cena é o momento da Escritura Bíblica registrada nos quatro Evangelhos: Mt. 1,10; Mc. 16,1-13; Lu. 24,1 e João 20, 1-2.
Nos quatro Evangelhos narram o episódio, mas Marcos e Lucas fazem questão de nomeá-las: Maria Madalena, Salomé, Joana, Marta, Maria irmã de Lázaro e Maria mãe de Tiago (Mc 15:40 e Lc 24:10).
As mulheres estão entrando na tumba. O sepulcro não é descrito de maneira hebraica. Quando elas entram o anjo disse: “não tendes medo Jesus Nazareno, o crucificado ressuscitou, não está mais aqui”. Esta afirmação do anjo para as mulheres é descrita através do gesto de benção e palavras representadas pela mão do anjo.
A asa que sobe indica o céu. O túmulo está vazio onde vemos a mortalha e o sudário. O anjo é uma figura jovem, possuindo um bastão simbolizando que vem de Deus e sua roupa branca representa a luz. Na sua veste distinguimos o cravo que é o símbolo de mensageiro e do poder dado por Deus.
Este ícone pertence à da escola de Novogorod, de 1475, exposto na galeria de Treyakov em Moscou.
Salientamos que neste ícone o anjo foi mudado e representado como num ícone do Monastério de Kirillov e o sudário foi representado como o de um ícone de Teofane em Creta.
O ícone é um serviço de origem monástica onde o primeiro voto é a obediência sendo esta o caminho para a espiritualidade.
O contraste de cor negro com vermelho da tumba e o branco do sudário significam o anuncio Pascal da tumba surge a luz da vida. A cor vermelha significa a cor da vida no caso surge a vida. A vitória do Senhor sobre a morte.

As mulheres foram às primeiras testemunhas da Ressureição de Cristo e por isto ganham o epítetos de “Apostolas dos Apóstolos” e “Mensageiras da Boa Nova”